sexta-feira, 27 de junho de 2008

BAILE DO TREMOÇO





O reavivar das tradições em Santana
Era sexta-feira, dia 13, véspera de casamento na aldeia do Arneiro (Santana-Nisa).
A coincidência do dia e da data, sempre associadas a “dias negros e de azar” para os mais supersticiosos, foi, pelo contrário, celebrada como um dia de festa e o reviver de tradições.
No Largo dos Pelómes, o principal da aldeia (este topónimo, noutros sítios pronuncia-se Pelames e terá a ver com as indústrias de curtumes, muito vulgares nas terras do interior), o povo juntou-se e recordou as despedidas de solteiro dos anos 50 e 60, quando o Baile do Tremoço trazia toda a população para a rua e fazia-a compartilhar da festa comunitária, promovida pelos pais dos noivos e que era a derradeira noite de solteiros dos jovens nubentes.
Tal como há 50 anos, houve música a rodos, não com o acordeonista ou o tocador de gaita de beiços como em tempos mais recuados, mas com um grupo de música popular, em cima de um palco improvisado, que tocou e cantou até fora de horas e a que se juntaram muitos artistas do povo, homens e mulheres, que recordaram, em uníssono, as modas de antigamente.
Para uma noite de festa tradicional, não faltaram os tremoços, o vinho e os bolos, distribuídos pelos pais dos noivos. E a dança, o “bálho” popular que inundou de alegria e contentamento todos os intervenientes nesta magnífica jornada de festa, convívio e espírito comunitário, ainda bem patente na freguesia de Santana e não apenas na utilização e partilha dos “fornos do povo”.
Para que o registo ficasse completo, nem sequer faltou a televisão e o Baile do Tremoço, no dia seguinte, através dos canais da SIC, percorreu o país e o mundo, fazendo lembrar que, apesar da crise e da perda de confiança, os portugueses ainda encontram motivos para sorrir, juntar-se e festejar, unidos por um ideal maior e que neste caso se chamou “reavivar da tradição”.
in "Jornal de Nisa" - nº 258- 25/06/08